Quando você for ao Parque Potira, em Caucaia, não estranhe caso o comerciante diga que o produto custa um, cinco ou dez potiguaras. Essa é a nova moeda da comunidade e está em circulação há cerca de dois meses. O Banco Potira, inaugurado ontem, é o responsável pela moeda. Ele é gerido pela própria comunidade, através da Associação Beneficente Tancredo Neves.
Trinta mil potiguaras foram confeccionados e boa parte já movimenta a economia do bairro. Quatorze comerciantes estão cadastrados para receber a moeda e vinte empréstimos foram aprovados. Os juros do empréstimo são baixos e podem até chegar a zero. “A finalidade é que a economia local se desenvolva. Em empréstimos de até 100 reais, as pessoas tem trinta dias para pagar sem juros”, explica a gestora da Associação Tancredo Neves, Ivoneide Sousa Moreira.
“A pessoa pode, por exemplo, pedir um empréstimo para comprar o bujão de gás. Às vezes, ela não tem dinheiro e o comerciante não quer vender fiado. É só pedir o empréstimo e para pagar depois sem juros”, exemplifica o secretário de Trabalho, Emprego e Empreendedorismo de Caucaia, Ambrósio Ferreira. O termo potiguara é referente ao nome de uma tribo indígena e significa “comedores de camarão”. A moeda é financiada pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop).
“Essa é uma moeda social. Às vezes, as pessoas perguntam qual diferença, já que tem o mesmo valor do real. O fato é que ela valoriza a economia local. As pessoas tem que comprar na loja da dona Maria ou do João”, explica Ambrósio Ferreira. E isso estimula a criação de novos empregos na comunidade. A ideia é utilizar o projeto como laboratório, para depois ser levado a outras áreas de Caucaia. Sempre com a comunidade responsável pela implantação e continuidade do negócio.
O Instituto Palmas auxiliou a comunidade a implantar o projeto, a partir da experiência bem sucedida do Banco Palmas, no Conjunto Palmeiras. Desde setembro do ano passado, a comunidade discute o projeto. (O Povo)