Presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombos de Alto Alegre e Adjacências (Arqua), no município de Horizonte, Ceará, Francisco Haroldo Silva, 48 anos, é um professor que só começou a estudar aos 15 anos. ''Comecei a estudar já tinha 15 anos porque meu pai não era muito de incentivar estudo. Ele queria que eu trabalhasse para ajudar no sustento da casa", recorda. Neste domingo (20), comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra.

Francisco Haroldo cresceu na comunidade Alto Alegre, que, segundo o relato de antigos moradores como Tereza de Jesus da Silva, surgiu com a fuga do escravo Negro Cazuza de um navio ancorado na Barra do Ceará, em Fortaleza. O escravo se fixou em Alto Alegre e as festas dos moradores, no alto de uma serra, rederam o nome da comunidade.  Na comunidade, segundo ele, teve oportunidade de viajar e lutar ''pelos direitos dos negros''.

Depois que a mãe abandonou a família no sertão central do Ceará, o pai de Silva e os dois filhos maiores se mudaram para Horizonte, município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Como a escola era distante,  Silva só passou a frequentar as aulas quando podia ir por conta própria. Enquanto fazia o supletivo do Ensino Médio, afirma, já começou a ser professor de alfabetização, em Horizonte.

Daí não parou. Haroldo ingressou na Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central, da Universidade Federal do Ceará (Uece). "Fiz Ciências da Natureza e Matemática. Me formei e comecei a melhorar de vida".

Se hoje a casa é grande, de cimento e tijolo, "do jeito que sempre sonhou", foi também graças aos esforços nos estudos, segundo o professor. "Quando eu me casei, minha casinha era de taipa. Só tinha uma televisão pequena e uma bicicletinha para ir trabalhar todo dia", disse. No que depender dele, os filhos também vão para a faculdade. Fonte: G1-Ceará

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