O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a tarifa de energia
terá redução de pelo menos 10%. A queda seria alcançada por meio de Medida
Provisória para a renovação das concessões das empresas distribuidoras, a ser
enviada ao Congresso Nacional em até 30 dias. A redução deve ser generalizada,
com validade para todo tipo de consumidor, de acordo com o deputado federal José
Guimarães (PT), vice-líder do Governo na Câmara.
A presidente Dilma Rousseff também deve pressionar os Estados para redução na
alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Para
tratar do assunto, ela deve se reunir com governadores ainda em agosto, antecipa
Guimarães. “Ao aprovarmos a Medida Provisória, o governo estará chamando os
entes federados para seguirem o mesmo caminho. Se não, haverá uma distorção”,
explica o deputado.
Jurandir Picanço, consultor da Federação da Indústria do Estado do Ceará
(Fiec), afirma que a extinção de todos os encargos setoriais representaria até
20% a menos na tarifa de energia. Já a revisão das concessões poderia reduzir em
até mais de 10% o preço do insumo, com a depreciação do investimento das
concessões antigas.
O consultor, entretanto, aposta em redução menor, com alteração em apenas
alguns encargos. Ele acredita que um dos encargos que poderiam ser extintos é a
Reserva Global de Reversão (RGR), criada para o pagamento de multa contratual em
caso de fim da concessão. Ele também cogita reduções na Cota de Desenvolvimento
Energético (CDE), usada para a universalização da energia elétrica, e no PIS e
Cofins.
Parte desses encargos não são aplicados com a finalidade para a qual foram
criados. “A RGR, por exemplo, nunca foi usada”, disse Picanço.
Impacto
“O que pesa na conta de energia são os encargos.
É muito fácil tributar sobre a energia porque todo mês alguém mede seu consumo”,
diz o especialista. Segundo ele, as distribuidoras ficam com apenas 35% do total
pago pelo consumidor final, o resto são encargos repassados aos governos.
A redução no preço da energia, avalia Picanço, vai impactar em toda a cadeia
produtiva, principalmente em setores com grande demanda energética. Com energia
representando 30% de seus custos, o setor têxtil deve ser um dos mais
beneficiados no Ceará. “Esse movimento começou em reunião da presidente Dilma
com empresários”, diz o consultor da Fiec, ao mensurar o tamanho do impacto da
medida na economia.
Segundo Guimarães, a redução imediata não comprometerá os investimentos do
Governo Federal, mesmo se levados em conta os R$ 48,6 bilhões que deixaram de
ser arrecadados desde 2010 com desonerações para estimular a economia. Fonte: O Povo